sábado, 21 de novembro de 2009

A máscara


Eu sei que hà muito pranto na existência,
Dores que ferem corações de pedra
E onde a vida borbulha e o sangue medra,
Aí existe a mágoa em sua essência.

No delírio, porém, da febre ardente
Da ventúra fulgaz e transitória
O peito rompe a capa tormentória
Para sorrindo palpitar contente.
Assim a turba inconsciente passa,
Muitos que esgotam do prazer a taça
Sentem no peito a dor indefinida.

E entre a mágoa que a másc'ra eterna apouca
A Humanidade ri-se e ri-se louca
No carnaval intérmino da vida.


Augusto dos anjos

terça-feira, 10 de novembro de 2009

Reconhcer o ódio...

Ninguém quer confissões aqui. E nem é, sabe? E nem é importante... Só um pouco... Um pouquinho. Como se ela tomasse um copo de uísque, fumasse um Marlboro e mandasse uns três tomarem no cu. É mais ou menos isso... Isso aqui. Que não pretende ser confissão nem lembrança. Nem emocionante, nem inteligente. Nem valerá a página que será impressa.Quantos dias perdi você olhando para mim dentro do seu corpo. Enfiando-me em ti e tu em mim para revogar a dor de sermos dois. E dois sempre tão longe. Quanto de toda essa soma delirante tornou a perda inexorável? Quero pedir desculpas por ser trovadora. Quero apagar os versos que aludiam a um Deus como meu desejo projetivo. Quero ser mulher. Não na sublime ilusão que dura o encontro espumante. E não quero mais o que não posso ter. Assim estamos livres para sermos um. Só isso. Comuns são os casais. Nós não somos nada. O problema é que quero muitas coisas simples. Então pareço exigente. Não posso fazer nada. Então choro, oro, te esporro com mil xingamentos. Você pode se divertir, você pode ter pena de mim.Não queridinho, não irei me matar feito uma discípula cega de uma religião apocalíptica. Vou assumir o meu ódio, vou rir do meu ódio. Vou sobreviver ao meu ódio. Mesmo sabendo que estou razoavelmente sã e humanamente perdoada. Cuspo na cara de quem finge não me ver. E não quero mais me explicar. Entender é trancar-se dentro da palavra. Quem não sabe, quem não sabe, quem não quer saber de nada...

Fernanda young

sábado, 7 de novembro de 2009

A lágrima súbita

[...] Seria este azul de mar
profundo, fundo
cheio, soturno,
a fonte obscura do meu terror? Se eu chamar a reflexão,
aplacadas serão minhas aflições?
Ou mais prudente clamar pelo sonho,
que prefiro imaginar, agora: (optei pelo sonho,
claro que é sonho) esta vontade de fugir...

e quando gritar por lágrima, eu quero
eu preciso chorar,

e de surpresa,
quando olhar de lado,
é sonho,claro que é,
reencontrar,
no vento ligeiro,
a fuga dos teus olhos!

{Soares feitosa}

segunda-feira, 2 de novembro de 2009

sobre o controle

Incrível como algumas coisas ainda me derrubam... coisas que nao são pequenas, as vezes elas fogem do controle mas quem é que nao perde o controle as vezes.
Controle é uma palavra estranha porque ela tem várias ramificações:

Controle: 1. Ato de poder controlar; 2. Fiscalização estabelicida sobre a atividade de pessoas para que nao desviem de normas estabelecidas; 3. Dominio fisíco e psiquico de si mesmo; 4. Controle remoto: dispositivo que permite controle de aparelhos eletrônicos.

Agora eu pergunto, como é que você mantem o controle sobre si quando você já nao aguenta mais? { eu não sei!}

Eu só sei que direta ou inderetamente agente muda a vida das pessoas, porque você faz planos, toma decisões, você pensa em você pra fazer todas essas coisas e ai tudo que você julga ser certo pra si pode derruba a vida de alguém que você se importe muito, ou você não se importa, ou se importa e não demonstra.
A única coisa que vejo nesses dias em que passei por um turbilhão de coisas é que deve ser bom ser o cérebro, porque cansa muito ser o coração, e esse negócio de meio termo é muito dificil, assim como dominar a si mesmo também é.
Hoje eu ouvi um psicanalista dizer que a pessoa que não domina a si mesmo, e cria seu próprio mundo é "louco"... fato ou não o ator tem o dom de fugir da sua realidade, para manter o controle, penso que pessoas que sejam só coração fazem a mesma coisa, e acho que de ator e louco todo mundo tem um pouco.
Ahh! O que seria de mim, se não fosse o meu mundinho, ali quando eu fico sozinha quando eu fecho os olhos em penso mil coisas, faço mil planos, mil loucuras, mil momentos, o meu mundo! Onde ninguém entra, onde eu sou quem eu quero ser, onde eu coloco as pessoas que eu quero, onde tudo acontece da forma que eu quero que seja, tudo isso pra fugir de toda a realidade que tira parte de mim. Pode ser essa uma das formas de manter o controle, sobre o que muitas vezes não tem controle.

"Pois fechada dentro de si como um fruto em sua carapaça, Maria Rita amadurecerá cedo, habituara-se a sofrer calada e a considerar o mundo como um palco onde ninguém deve confundir o seu papel, sob pena de ser vaiado."
{Maria de Lourdes Teixeira; O criador de centauros}